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Review

MACHINERGY
“Rhythmotion”
[CD – Edição de autor]

Se há alguém que arrisque eleger um subgénero musical com maior expressão em Portugal, esse alguém terá que estar preparado para falhar várias vezes o alvo. Todavia, a certeza de que a qualidade abunda será uma unanimidade. No que concerne ao metal industrial, pouco haverá a registar em números, mas em termos de qualidade a fasquia já anda alta há algum tempo, mesmo que agora seja redutor (e é) confinar os Machinergy ao rótulo “industrial”.

A primeira e segunda banda - se atentarmos a factos históricos – da tradicionalmente estéril vila de Arruda dos Vinhos, estreia-se em álbum depois da sua formação em 2006, fruto de uma longa comunhão de experiências e ideais entre Ruy (voz/guitarra) e Hélder (bateria), que têm passados nos Mortalha, Imunity e Groundustry. Pelo seu perfil conseguimos perceber que as influências industriais no seu percurso pessoal não tem assim tanta preponderância, mas se olharmos ao aspecto crespo e sintético das guitarras e, sobretudo, à batida mecânica da bateria, é difícil distanciar totalmente este trabalho do de bandas, mesmo internas, como Bizarra Locomotiva, Cryptor Morbious Family ou Dr. Zilch, sendo que não são tão cerebrais como o grupo de Rui Sidónio, tão excêntricos como os segundos ou tão perversos e/ou góticos como os terceiros.

De qualquer forma, a música deste trio reúne várias facetas, o que representa, necessariamente, um ou mais pontos a favor. Destilam riffs de uma evidente fúria thrash em “Innergy” ou “Incendiário”, cantado com Rui Rebelo (ex-Simbiose), usam e abusam do groove em “Tirano”, fazem algumas “festinhas” com a melodia encantadora de “Godus”, muito graças à apaixonante voz de Célia Ramos dos Mons Lvnae, entre o tom mais negro e desconcertante de “Blakus” e a aproximação mais directa aos samples em “Morning”. Dito isto, mais esclarecido fica de que os Machinergy não fazem uma vénia descarada ao Metal industrial. Mais: arriscamos dizer que num próximo disco a tendência será para se tornarem mais pesados e afastarem-se cada vez mais do dito rótulo.

Para uma primeira amostra pública, os Machinergy saem com distinção e só se lhes pede que aprofundem cada vez mais a escrita. Se a técnica não é necessariamente uma preocupação, qualquer que seja o género que queiram trilhar, será sempre preciso maximizar o potencial da “canção” e repetir em dose “gorda” momentos que já se ouvem neste agradável trabalho. [7.0/10] N.C.

Estilo: Industrial/Thrash

Discografia: “Rhythmotion” [CD 2010]

www.machinergy.com

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