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Um olhar sobre... "Miséria"

A representatividade dos Morbid Death no prospecto nacional faz-se de uma longa carreira abrilhantada por vários prémios, concertos, demo-tapes, discos, DVD’s… mas também dois telediscos que ajudaram de sobremaneira a projectar o trabalho da banda. Um deles é “Miséria”, um item absolutamente mítico que espelha bem a realidade de uma banda açoriana muito jovem, em 1992, motivada por um terceiro lugar no concurso “Açores Pop Rock”, a versar sobre o estado de indigência internacional. A sua simplicidade e pureza ajudaram a torná-lo memorável. Na altura ainda se encontravam na banda Dinis Costa e “Miguelito” nas guitarras e Pedro Rodrigues na bateria. No entanto, só um elemento dessa fase se encontra ainda na banda: Ricardo Santos. Foi precisamente a este que solicitámos uma perspectiva mais transversal sobre a concepção do respectivo registo.

Longe vai o ano de 1991 em que eu estava numa aula de Inglês. A professora estava a falar sobre o tema “Revolução Industrial-Século XVIII'”. À maneira que era dada a aula, comecei a escrever o que seria a “Miséria”. A letra estava concluída. Agora restava pôr as mãos à obra, musicalmente.

Como sabíamos que iria haver um concurso de música moderna – “Açores Pop-Rock '92” - e que um dos requisitos seria o de participar pelo menos com um tema cantado em português, julgávamos que poderíamos concorrer. E assim foi...

De entre 21 projectos fomos seleccionados para a final, na Ilha Terceira. Aquando da primeira fase do concurso, em S.Miguel, foi-nos apresentada uma pessoa que trabalhava para a RTP 2 e que estava presente à procura de novos talentos. De imediato, propôs-nos a gravação de um videoclip, logo após a final.

Quando regressámos a S. Miguel as ideias já eram muitas mas muito desorganizadas e a vontade era grande em concretizá-las. Estávamos em “alta” com a passagem à final e o terceiro lugar obtido. Tínhamos dois dias para fazer todos os takes. Corremos parte da ilha de S.Miguel à procura de cenários. Um dos takes mais famosos é o da vaca que foi ideia do próprio realizador. No segundo e, porventura, último dia de gravações tivemos a colaboração de muitos amigos. Todos queriam participar. Os takes tiveram lugar nas imediações do Coliseu Micaelense e na garagem do Dinis Costa. O último seria o de um tipo (representado pelo Alexandre Medeiros) que se encontrava a ouvir música (metal, claro!) através dos seus headphones e ao mesmo tempo a ver imagens de miséria no televisor. Farto de tanta desgraça, levanta-se e destroi literalmente o mesmo. Curioso que só havia um televisor e ele teria que fazer o take à primeira. Altas tecnologias era o que não havia e como poderão verificar, no televisor (antes de ser destruído!) não há qualquer imagem. Duas razões para tal: não havia qualquer tomada TV na garagem do Dinis; e a mais óbvia...o televisor estava avariado!

Curioso que este vídeo, segundo informação de certas pessoas que estiveram presentes há já alguns anos num festival de bandas nacionais, no extinto estádio José de Alvalade, rodou nos ecrãs gigantes.

Sabendo que não é nem nunca será um vídeo de grande produção, “Miséria” marcou o panorama musical regional e até nacional. Muitos são aqueles que ainda se lembram dele. Curioso que ainda nos dias de hoje pedem-nos para tocar este tema.
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