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UNRECOVERS
29.03.03 - Discoteca Ópera, Ponta Delgada
O staff da SounD(/)ZonE foi apanhado de surpresa quando lhe chegou às mãos, um par de dias antes, um flyer que dava conta de um espectáculo a realizar no sábado na Discoteca Ópera, em Ponta Delgada, que reuniria alguns dos nomes mais sonantes do metal açoriano, tais como Paulo Bettencourt (Morbid Death), Pedro Andrade (Morbid Death), Rui Frias (Morbid Death, Hangover), Brian Medeiros (Kaos), entre muitos outros ilustres. Data divulgada a preceito através de cartazes e panfletos com uma estética bastante interessante, indicava um concerto um pouco à margem daquilo que normalmente se fazia por essas paragens. Os músicos em questão propuseram-se, assim, a reinterpretar de uma maneira bastante própria, alguns temas bem populares do metal e do rock dos últimos tempos.
E foi com grande expectativa que a "produção" da S(/)Z e um considerável número de apreciadores do género, se deslocaram naquela noite até àquela sala, ávidos de presentear um belíssimo espectáculo, o que de facto se veio a confirmar, e que levou toda a gente a sair do local, já bastante tarde e de espírito bastante mais aliviado. Foram libertadas energias acumuladas há muito no interior de cada headbanger local, pois, infelizmente, devido ao reduzido circuito de actividades culturais, só muito esporadicamente têm oportunidade de gozar o som que lhes desperta "a" paixão.
Com início marcado para as duas da madrugada, o espectáculo viria a sofrer um atraso de cerca de uma hora. Oportunidade para todos os presentes regarem as suas gargantas e trocarem dois dedos de conversa sobre o que lhes aguardaria aquela noite. Eis então que sobe ao palco a primeira e principal formação da noite, constituída por Brian na voz, Gonçalo Moniz na guitarra, Luís no baixo e Dino na bateria. O mote para uma grande noite foi dado quando soaram os primeiros acordes de “100%” dos Sonic Youth. A agitação aumentava tanto no público como no palco, onde se iam alternando os músicos ao longo de temas como “Where’s My Mind” dos Pixies, “I Feel You” dos Depeche Mode, “Soma” dos Smashing Pumpkins e “Say It Ain’t So” dos Weezer, conferindo ao espaço um ambiente descontraído. Houve ainda lugar para entoar em coro os parabéns a Rui Frias que completava 24 anos naquela noite.
Entretanto, o entusiasmo que havia crescido no seio do público ao longo dos temas, depois começara a tornar-se altamente contagiante, particularmente durante a interpretação de “Paranoid” dos Black Sabbath.
Aproximava-se então o momento mais alto da noite. Acendido o rastilho por um "tema-split" composto por “Domination” dos Pantera e “Bored” dos Deftones, é no final "Killing In The Name Of" dos Rage Against The Machine que o público explode e é totalmente absorvido.
O intervalo chegava com uma sala ao rubro e com um público a querer mais. De seguida foi a vez da quase completa formação dos Hangover, exceptuando o baixista aqui substituído por Luís, subir ao palco. Numa breve intervenção onde executaram duas músicas, houve lugar para o público entrar em delírio maníaco ao som impulsionante de “Here To Stay” dos Korn.
A noite prosseguiu com muita energia e inúmeras interpretações. Destaque para “Lords Of The Boards” dos Guano Apes interpretados com afinco pela interessante voz de Raquel e também para a actuação dos Kaos que incluiu três temas do seu repertório. Tudo isto numa noite altamente vangloriada pelo talento dos jovens músicos açorianos.
Nuno Costa
