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Ao vivo - Kovers

KOVERS
23.02.06 - Bar PDL, Ponta Delgada

Se já nos vinha sendo hábito presenciar, esporadicamente, a concertos de covers em bares e outros locais de espectáculos em S. Miguel, o que não contávamos agora era que outro núcleo de músicos nessa área (metal) se empenhasse também em seguir os mesmos moldes. Isto até porque já nos tínhamos habituado a ver o line up do Unrecovers/Undercovers a desfrutar de um certo monopólio ideológico, numa área que pensávamos não haver espaço para mais um nome. Daí a surpresa, uma surpresa muito agradável até porque constitui uma nova alternativa dentro destes moldes e que pode muito bem espicaçar os veteranos da ideia que têm vindo a dar sinais de alguma estagnação. De qualquer forma, isto não tem que ser visto como uma competição, como é óbvio.

Sendo assim, o line-up que constitui esta nova formação de covers é composto por Filipe Vale (vocalista Self Defense), Luís Silva (guitarrista Reborn, Psy Enemy), Fábio Amaro (guitarrista ex-Nyrotik) Ricardo Conceição (guitarrista Self Defense) aqui no baixo e João Freitas (baterista ex-Nyrotik). Ao olharmos para o cartaz ressalta de imediato os nomes [sonantes] implicados e a exigência técnica que isso vem trazer aos músicos. Sabendo da excelente habilidade de alguns dos músicos intervenientes e de outros que ainda não nos tinham sido dados a conhecer mas de quem já nos tinham sido dadas óptimas referências, ficava a confiança de que estes podiam fazer um excelente trabalho, mas, mesmo assim, a curiosidade era enorme de ver como se “desenvencilhavam” de temas de Lamb Of God, Mudvayne, Slipknot ou Metallica.

Com a entrada de “Ruin” dos Lamb Of God ficou, desde cedo, patente que estes músicos sabiam muito bem o que estavam ali a fazer. Se no geral, é preciso bons músicos para desempenhar estes temas, particularmente um bom baterista, João Freitas deixou-nos aqui convictos de que estamos perante um dos melhores e mais tecnicistas bateristas de S. Miguel, sem dúvida... Uma das [poucas] “fraquezas” deste colectivo, um autêntico calcanhar de Aquiles, foi a prestação melódica de Filipe que esteve muito aquém do desafio. De qualquer forma, é óbvio que desafiar a voz de Corey Taylor e Chüd não é tarefa [nada] fácil... De qualquer maneira, respeita-se a coragem e congratula-se pelo registo agressivo que (este sim) esteve a grande nível. Com o desenrolar do evento foram-se passeando alguns clássicos, outros nem tanto, sempre primorosamente executados e que deixavam progressivamente animados os presentes. Nomeadamente, “Laid To Rest” (Lamb Of God), “Forget To Remember” (Mudvayne), “Duality” (Slipknot), “Roots” (Sepultura), “Primitve” (Soulfly), “The Blood, The Sweat, The Tears” (Machine Head), “Damage” (Fear Factory) e “Fuel” (Metallica) foram os temas que mais se destacaram nesta noite de peso, com direito a encore já que o público não quis deixar o quinteto abandonar o palco à primeira, como forma justa de apreço pelo seu excelente desempenho.

No que toca a aspectos negativos, só temos a lamentar o facto de a banda se ter apresentado praticamente "estática" do princípio ao fim do espectáculo, não contribuindo nada para que o público açoreano (já de si “difícil”) se livrasse das suas “amarras” psicológicas e se lançasse num saúdavel mosh. De facto, faltou só mais um pouco de ambiente para que a noite se tornasse verdadeiramente memorável. A nível de som, tem já vindo a ser provado que o pequeno bar PDL tem acústica suficiente para albergar este tipo de eventos. Nesta noite, em particular, notou-se alguma falta de força nas guitarras, o que veio a ser corrigido com o decorrer da noite, mas isso não foi, certamente, problema do espaço. Resumidamente, uma noite em que João Freitas brilhou destacadamente e em que o público bem se pode orgulhar de ter ganho mais um excelente colectivo de covers.

Nuno Costa

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