photo logopost_zps4920d857.png photo headerteste_zps0e0d15f7.png

Ao vivo - I Festival Rock Semana Académica

I FESTIVAL ROCK SEMANA ACADÉMICA
06.05.03 - Laranjeiras, Ponta Delgada

A Semana Académica de Ponta Delgada estava de volta e com ela muita animação, cerveja, e claro, muita música. Uma semana em cheio que começava no sábado com a excentricidade dos singulares Blasted Mechanism, os quais haviam “abanado” com a tenda montada na zona das Laranjeiras, e que na terça-feira abria as portas para receber o I Festival Rock da Semana Académica. E para inaugurá-lo nada melhor do que juntar numa noite alguns dos grandes nomes do rock e metal açoriano. Eleitos para animar as largas dezenas de pessoas que, mais uma vez se deslocaram a esse privilegiado local de divertimento para desfrutar de mais este interessante cartaz académico, estavam os consagrados Classic Rage, os experientes Shunkstone, os jovens Hiffen e os explosivos Hangover.

Com uma média de 40 minutos de actuação e a ante-estrear o lançamento do seu disco unplugged, pisaram primeiro o palco os Classic Rage. E que se há-de apontar ao tão ilustre e talentoso elenco de músicos que constam, actualmente, da renovada formação dos Classic Rage? Senão vejamos: Luís H. Bettencourt, Henrique Bendavide, Hélder Machado, só para citar alguns dos artistas que, transpirando profissionalismo, se prestaram a uma actuação irrepreensível. Com uma notável adaptação ao formato unplugged, o batalhão de músicos que se apresentou em palco, cerca de dez[!], onde constaram performers adicionais em violoncelo, percussão e uma dupla de vozes femininas, foi capaz de uma admirável transformação nos velhinhos clássicos da banda, como "Isolation’s Over", “Disconnected” ou “Train To Nowhere”.

Logo de seguida, os sons e os ritmos alteram-se com a actuação dos Shunkstone. Após a edição de autor de uma maqueta no ano transacto e após bastantes anos de rodagem persistente, já não é novidade para ninguém que esse colectivo oriundo do Pico da Pedra tem potencial e experiência suficientes para entrar em qualquer palco açoriano e não deixar ninguém indiferente. O seu grunge, por vezes bem pesado, apresenta-se cada vez mais coeso e maduro, fruto de um leque de músicos em franca expansão criativa. A banda revisitou temas da sua demo como “Go Away”, “Superhero” ou “Obsession”, bem como estreou ao vivo “We Rise And Fall”.

De seguida, e na primeira vez que íamos escutar a sua música, entram em cena os Hiffen. Um heavy metal melódico recheado de solos de guitarra, onde a voz [nem sempre nos tons mais correctos] da vocalista principal se vai entrelaçando com uma outra mais grave e agressiva proveniente do guitarrista ritmo. São estas algumas das características da sonoridade deste sexteto. Se é verdade que a banda aparenta ter um guitarrista capaz de efectuar solos muito rápidos e proezas como tocar com a guitarra atrás da cabeça [apesar de nos parecer uma atitude muito pretensiosa para quem ainda está muito longe de ser um guitar hero], o resultado final dos temas não é muito positivo, acabando por resultarem em peças escusadamente longas onde o excesso de solos de guitarra nem sempre foram sinónimo de boa música. Facto que deixou toda a gente com a impressão de que os músicos em palco travavam uma batalha pessoal pela conquista da melhore performance técnica, sem nunca estar presente aquele sentimento de união e colectivo. Uma lacuna que esperamos ver colmatada com o tempo.

A fechar e perante um público que fez questão de aguentar o horário tardio para presentear aquela que se adivinhava a mais imprevisível e explosiva actuação da noite, tomaram de assalto o palco os Hangover. Donos de uma popularidade invejável entre os jovens micaelenses e de uma experiência evidente, esta foi mais uma actuação memorável deste quarteto. Antecedendo a sua entrada em palco esteve um obscuro sample proferido pelo vocalista Honório Aguiar, mas do qual nos foi difícil perceber a maior parte do conteúdo. Ainda assim, teve um efeito constrangedor entre os ouvintes. Ingrediente que funcionou como provocador de maior ansiedade enquanto se esperava por uma entrada de rompante. Facto que se veio a confirmar, aliás, como é de costume, e que deu o mote para uma actuação toda ela hostil e poderosa. De realçar que a banda brindou os presentes com uma actuação em que quase só executou temas novos. E note-se que a banda se encontra numa fase em que os temas demonstram uma veia cada vez mais agressiva e intrínseca. Pouco mais há apontar a esta banda, a não ser o triste facto de ainda não terem um disco gravado. Pelo meio da actuação podemos ouvir ainda a participação especial de Steven Medeiros [vocalista dos Hemptylogic] e, curiosamente, também na voz, Luís Reis, baterista dos Kaos, bem como a de um guitarrista mascarado que pelo seu demarcado estilo não conseguiu passar desconhecido... O espectáculo viria a terminar com a banda a abandonar subitamente o palco, ficando somente a ouvir-se as palavras proféticas de Honório Aguiar. Um concerto no mínimo surpreendente, ou não estivéssemos a falar dos Hangover.

Nuno Costa
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...